quarta-feira, 25 de abril de 2012

Kawasaki Versys


Com design marcante, suspensões de longo curso e motor amigável, Kawasaki Versys é mais uma opção no segmento de 600cc

Quando foi lançada em 2006, a Kawasaki Versys era classificada pela fábrica japonesa como uma motocicleta “dual purpose”, ou seja, de uso misto. Juntamente com a renovação visual para o modelo 2010, que desembarcou em junho no Brasil, a Versys foi elevada à categoria “sport” nos Estados Unidos. Mesmo assim a nova classificação não faz jus ao seu caráter versátil. A Versys traz elementos de motos esportivas, aventureiras e de uso misto, compartilhando características de cada um desses segmentos, mas sem se enquadrar perfeitamente em nenhum deles.
Equipada com um motor de dois cilindros paralelos de 649 cm³, a Kawasaki Versys tem em seus múltiplos usos a principal arma para brigar no concorrido segmento de motocicletas de 600 cc, que tem concentrado a maior parte dos lançamentos nos últimos meses. Da linha Yamaha XJ6 (N e F), apresentada no início de 2010, a BMW G650GS, o mercado está em busca do motociclista que quer evoluir sem exageros: pretende sair da faixa de 250 cc, mas não pode (e muitas vezes nem precisa) chegar aos modelos de 1.000 cc.

Motor elástico
A Kawasaki Versys compartilha o mesmo motor da naked ER-6n (também à venda no Brasil) e da esportiva Ninja 650R. Os dois cilindros paralelos com 649 cm³ de capacidade, quatro válvulas por cilindro e duplo comando no cabeçote (DOHC), são alimentados por injeção eletrônica e contam com refrigeração líquida.
Para a Versys, o bicilíndrico foi afinado para oferecer mais torque em médias rotações. Mudanças muito bem vindas. Fica no meio termo entre os “torcudos” monocilíndricos e os potentes motores de quatro cilindros em linha. Produz 64 cavalos de potência máxima a 8.000 rpm e 6,2 kgf.m de torque máximo a 6.800 rpm.
Não são números que impressionam na ficha técnica, porém são suficientes para a proposta da Versys. Sem falar que a entrega da potência e do torque são bastante amigáveis para pilotos menos experientes. Afinal grande parte do torque aparece a partir dos 2.000 rpm e já é suficiente para levantar a roda dianteira do chão, principalmente na curta primeira marcha do câmbio de seis velocidades.
O motor também tem um caráter divertido nas acelerações de 0 a 100 km/h. Os giros e a velocidade sobem rapidamente e garantem uma pilotagem prazerosa. Mas arrancadas fortes cobram o preço no consumo: rodamos em média 19 km/ por litro.
Velocidade final e altos giros não são os pontos fortes do bicilíndrico, já que acima de 150 km/h e depois das 7.000 rpm o motor fica um pouco mais “xoxo”. Mas nada que atrapalhe rodar com a Versys na estrada a 120 km/h com o conta-giros nas 5.000 rotações e com bastante força para ultrapassagens.
 
Ciclística
Assim como seu motor, a ciclística da Versys foi adaptada a sua proposta multiuso. Seu quadro tubular em aço do tipo diamante traz um conjunto de suspensões de longo curso. Na dianteira, o garfo telescópico invertido oferece ajustes e 150 mm de curso. Já na traseira, a balança assimétrica conta com um amortecedor posicionado na lateral direita da moto que tem 145 mm de curso. Especificações suficientes para enfrentar os obstáculos do dia-a-dia, como valetas, lombadas e buracos. Porém um pouco bruscas, caso o piloto resolva pega uma estrada de terra com muitas imperfeições.
As duas rodas de 17 polegadas são de liga-leve e calçadas com pneus de perfil esportivo (nas medidas 120/70 na frente e 160/60 atrás). Revelam outra faceta da Versys: sua aptidão para contornar curvas com agilidade e rapidez. Apesar de ser uma moto alta, essa Kawasaki gosta bastante de uma estrada sinuosa. Outro benefício das rodas menores que nas trails é sua agilidade em meio ao trânsito urbano. Muda de direção com uma facilidade que nos faz esquecer os 209 kg do peso em ordem de marcha desta versão equipada com sistema de freios ABS.
Os dois discos dianteiros em forma de pétala têm 300 mm de diâmetro e são dignos de motos mais esportivas. Garantem uma frenagem segura com suas pinças de duplo pistão, porém se acionados com força fazem a Versys “mergulhar” demais, o que pode assustar no início. Na traseira, o disco simples de 220 mm de diâmetro mordido por uma pinça simples cumpre sua função.
Tive a oportunidade de testá-los de verdade, quando um imprudente taxista desrespeitou a placa de “PARE” em um cruzamento. Um teste de fogo ainda mais durante a chuvosa semana na capital paulista. Para minha sorte, se é que se pode chamar de sorte tal situação, a unidade testada trazia o sistema anti-travamento (ABS). Não tão moderno como outros sistemas, mas ao menos garantiu a minha integridade física e o perfeito estado de conservação da nova Versys. Evitou a perda de controle da moto ao frear bruscamente no piso molhado. Aqui fica a dica para os prepotentes de plantão: os freios ABS servem justamente para situações de emergência como essa.
Moto faz tudo
Justificando seu nome, derivado das palavras “versátil” e “sistema” (versatile e system, em inglês), a Versys é o tipo de moto que faz praticamente tudo que você precisa. Serve muito bem como um veículo de locomoção no dia-a-dia, assim como pode acompanhá-lo em viagens mais longas. Já que sua ciclística faz dela uma moto ágil na cidade, e seu banco largo e a posição ereta a deixam confortável na estrada. Sua autonomia também contribui para longos trajetos: com tanque de 19 litros pode rodar mais de 350 km.

Oferece conforto para rodovias largas e retas, pois traz ainda uma bolha protetora ajustável; assim como ousadia para as estradinhas secundárias de uma serra sinuosa, afinal o conjunto de suspensões, rodas e pneus gostam bastante de deitar nas curvas.  
Só não espere que ela enfrente uma esburacada estrada de terra sem reclamar ou que acompanhe seu amigo de superesportiva 1.000 cc. A nova Versys pode ser considerada um moto faz tudo, ou quase tudo.

Texto: Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO
Fotos: Gustavo Epifanio/ Agência INFOMOTO

Ficha Técnica
Kawasaki Versys (ABS)
Motor        Dois cilindros paralelos, quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas no cabeçote e refrigeração a ar
Capacidade cúbica      649 cm³
Diâmetro x curso                   83,0 x 60,0 mm
Taxa de compressão    10,6:1
Potência máxima         64 cv a 8.000 rpm
Torque máximo  6,2 kgf.m a 6.800 rpm
Câmbio      Seis marchas
Transmissão final        Corrente
Alimentação        Injeção eletrônica
Partida       Elétrica
Quadro      Diamante em tubos de aço
Suspensão dianteira     Garfo telescópico invertido de 41 mm de diâmetro ajustável – com 150 mm de curso
Suspensão traseira       Balança traseira monoamortecida regulável na précarga e retorno com 145 mm de curso
Freio dianteiro  Disco duplo de 300 mm de diâmetro em forma de pétala com pinça de dois pistões
Freio traseiro      Disco simples de 220 mm de diâmetro com pinça de um pistão
Pneus         120/70-ZR17 (diant.)/ 160/60-ZR17 (tras.)
Comprimento     2.125 mm
Largura     840 mm
Altura        1.330 mm
Distância entre-eixos    1.415 mm
Distância do solo          180 mm
Altura do assento                  845 mm
Peso em ordem de marcha 209 kg
Tanque de combustível                  19 litros
* Neste teste foi usado capacete LS2 FF369 Delta

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